terça-feira, julho 24, 2007

Medo


Cresci com pavor das pessoas que eram testemunhas de Jeová. Ouvia sempre aos adultos que diziam :_ Nunca abra a porta para eles.

_Uma vez deles dentro, você nunca consegue se livrar deles e ai por diante.


Bom quando tocavam na porta lá em casa, olhava direto no olho mágico e se tinham uma biblia na mão era como se estivesse em frente do Mal. Ficava calada e claro não abria a porta até que eles se fossem.

Acho que isto acontece no mundo todo, as pessoas os veem como um perigoso e acima de tudo CHATO "sektor" que não aceita transfusão e não comemora o natal.

Até que uma vez já morando aqui, tocou um senhor na minha porta. Era inverno e Arthur me parecia tão cansado. Pedi-lha a entrar e perguntei se ele queria uma xicara de chá.

Conversamos bastante sobre o clima, o Brasil e mal falamos sobre religião. Ele perguntou-me se queria umas revistas e pensei porque não? apesar de na epoca não ter a minima intencão em le-las.

Um dia indo ao banheiro levei as duas revistas e comecei a ler. A Despertai era bastante interessante, mas a outra Sentinela era bem chata e não consegui ler.

Bom é claro que não existe fumaca sem fogo, e Arthur continuou a nos vistar, mas como sempre falamos de nuitas coisas e pouquissimo sobre religião, ele respeitava o fato de eu não estar interessada em ser uma deles. Contei que Leif e eu liamos as revistas no banheiro e ele achou graca. Durante todos os anos que morei em Köping recebia a visita de Arthur todos os finais de semana que estava em casa. Tenho certeza que ele adorava poder descansar as pernas e conversar fiado conosco.

Hoje em dia em Sandviken, tenho uma amiga Maud, que aparece por aqui de vez em quando e me traz as revistas para que eu leia no banheiro. Ontem ela esteve aqui quando cheguei do trabalho, mas eu estava cansada e disse que iria dormir. Ela deixou 2 revistas e falou que muitas pessoas não gostavam de ler a Sentinela e que a partir de janeiro mudariam a forma de escrever e que a mesma passara a ser mais descontraida e fácil de ler.
Continuo não sendo Testemunha e não tenho o minimo interesse. Maud é claro já tentou me levar a para assistir a uma reunião mas sem sucesso. Digo sempre para ela que uma religião que não me deixa comemorar o meu aniversário não é nada para mim...

Como Arthur, Maud e eu conversamos como duas amigas qualquer e até hoje não entendo como eu podia ter tanto medo deles. Acho que o meu medo era pelo desconhecido.

E para dizer a verdade nem sei porque estou escrendo este post ...