Voltando as raízes

"Senhor como é que pode Essa mina no pagode Chega pra abalar Corpo queimado de praia Blusa tomará que caia Noite inteira na gandaia Ela só quer sambar Não faz assim que eu posso até me apaixonar Faz assim que eu posso até me apaixonar" O pagode lá da Cidade Alta estava danado e a negona aqui entrou dentro de corpo e alma. Dançando agarrada com um principe Ébano, lindo, charmoso e cheiroso ao meu lado pensei: _Se sobrevivo esta noite até já posso morrer. Estava me sentindo a rainha da Cocada, feliz por estar usando meu vestido amarelo decotado por causa do calor infernal do lugar. Tantos conhecidos e amigos, tanta gente que já não via a anos, alguns eu nem reconheci , crianças que agoram já eram adultas sorriam e me chamavam de Tia. Essa história não vai prestar, se continuar a dançar com esse negão vou acabar voltando as raízes e isto não vai dar certo. Mas a barra estava limpa, por perto nem sombras de gringo e não podia pintar sujeira tão longe de casa. Estava suada mas não queria parar de sambar,os guaranás que bebi para refrescar estavam me matando de vontade de ir ao banheiro. Não podia deixar de ir... Acordei suada, sim pois tinha esquecido de desligar o colchão térmico e precisava como no sonho visitar o banheiro. Voltei para a cama, ao meu lado dormia meu gringo feito criança. Acariciei-o e senti um pouco de vergonha por estar amando o sonho e voltei a adormecer... Melhor assim.