quinta-feira, junho 21, 2007

De mãe para mãe...


Recebo como todos vocês dezenas de emails, nunca leio todos, seria quase impossível. Entre uns do que li este me chamou a atencão.

Uma carta enviada de uma mãe para uma mãe em SP, após noticiário na tv:



"Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência.

Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos humanos.

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma video locadora, onde ele, meu filho,trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver se abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo... Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem."Circule este manifesto! Talvez a gente consiga acabar com esta inversão de valores que assola o Brasil!

"Direitos humanos são para humanos direitos".

Compreendo a mãe do filho assassinado, a dor pela perda do filho.

Mas também a mãe do bandido. O que fazer nestas alturas? abandona-lo quando ele mais precisa dela ou mata-lo pelo que fez e acabar de vez com os problemas.

Ela sabe que terá dificuldades no caso de uma mudança e tem de apelar as autoridades como uma mãe pobre que ama, como muitos apelam todos os dias para que o crime e violencia em nosso pais acabe ou pelo menos diminua.

Muitos devem pensar :

_Quem fala!, Ela que mora na Suécia, longe de problemas, com filhos criados sem grandes preocupações.

O que hoje não deixa de ser um pouco verdade, mas já morei no morro, fui favelada e semi-miserável como dizia minha irmã. Minha familia é pobre e continua lutando pela vida na Cidade Alta, em Cordovil e como muitos já sofri muito.

Mãe é mãe, um bandito não ficará melhor por estar abandonado sem a presença da familia. Apesar de muitos não quererem ver ou aceitar, a maioria dos menores bandidos são vitimas da sociedade.

Quando algo errado acontece a um filho, normalmente a mãe se põe toda a culpa e pergunta-se o que ELA fez de errado, ao invés da pergunta, "o que foi que saiu errado". Sou contra boa vida nas prisões, creio que os presos deveriam trabalhar para seu sustento, mas com condições humanitárias.

Acredito em Deus mas não creio em infernos e "Olho por olho" está fora do meu dicionário; e como detesto posts largos vou parando por aqui e continuo amanhã.

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